Este sábado (21) seria o último dia de apresentação do grupo.
Ator conta que artistas tiveram malas revistadas.
Caroline Hasselmann Do G1 SP
Integrantes do grupo Teatro da Curva posaram para foto no Aeroporto de Guarulhos antes de embarcar para Londres
Este sábado (21) seria o último dia de apresentação da peça “Otimismo” do grupo Teatro da Curva, se os atores tivessem conseguido entrar na Inglaterra. A convite do festival Camden Fringe, em Londres, o grupo com dez atores iria fazer quatro dias de apresentação de graça no Festival.
“Recebemos o convite há seis meses e uma relação de documentos que o Festival mandou para entrarmos no país. Entre eles, estava a carta-convite, de acomodação e explicando que era de caráter não remunerado. Por isso, não precisava de visto”, diz o ator Celso Melez, um dos nove barrados.
Assim, conta Melez, o grupo se organizou para viajar. Mas, depois de embarcarem para a Inglaterra no domingo (15) e de horas cansativas de viagem, a surpresa: dos dez atores, apenas um conseguiu passar pela imigração e entrar em Londres porque tem passaporte europeu.
O ator disse que, ao passar pela imigração, foi pedido para que aguardassem no saguão de entrada e que a espera foi de quase duas horas. Nesse tempo, responderam a perguntas cordiais de oficias, que afirmavam que faltava pouco para liberar a entrada no país.
“Ele avisaram que iam revistar nossas malas, só que, quando chegaram com a mala da minha colega, o lacre já estava rompido. Só depois pediram para assinarmos um papel sobre a ciência da autorização da revista”, conta.
Melez contou ainda que, após a revista, o grupo foi levado para uma sala de imigração que já tinha um croata, um colombiano e um brasileiro que estavam sendo deportados. Foi nesta sala que, segundo ele, todos tiveram que tirar fotos, deixar as impressões digitais e responder a mais perguntas. Lá, todos os passaportes foram carimbados como inadmitidos.
“Só então quando voltamos para a sala de imigração é que uma tradutora veio com o chefe deles, que disse que gostaram da gente porque respondemos tudo, mas que não iríamos ficar no país. A partir daí apareceram diversos seguranças que revistaram, mais uma vez, a gente. Só que, dessa vez, com excesso de força. Já não tínhamos celular, nem bolsas, nem podíamos pegar nossas bagagens. Banho ou trocar de roupa, nem pensar”, relata.
Celso conta que até a hora de embarcar foram alvo de piadas e risadas dos seguranças que os observavam e afirmou que pessoas do Festival os aguardavam no aeroporto. Um advogado do festival ainda teria entrado em contato com a imigração para explicar a presença do grupo no país, mas não adiantou.
“O maior erro foi do Festival, porque não tinha licença para chamar artista de outro país para a Inglaterra, só que nos informou que podia. O que nos deixou chateado foram as piadas que ouvimos e como nos trataram mal”, desabafa.
O grupo viajou por conta própria e o valor calculado do prejuízo gira em torno de R$ 25 mil. Eles aguardam comunicado do Festival e disseram que pretendem entrar em contato com o Consulado Britânico.
A reportagem procurou o Consulado Britânico em São Paulo por volta das 17h deste sábado (21) mas o local estava fechado.
Fonte:Caroline Hasselmann Do G1 SP